Ajude refugiados… comendo falafel

Popular no Oriente Médio, o bolinho frito é o carro-chefe da Falafel Inc., em Washington

sanduíche de falafel

Ele está em restaurantes árabes, lanchonetes de kebab, barraquinhas na rua e é figura fácil em menus vegetarianos. Crocante, sequinho, condimentado, o falafel tem como base o grão de bico ou a fava e é difícil resistir a seus encantos. Facilmente encontrável em grandes cidades, o bolinho frito é a estrela de um restaurante em Washington D.C. que tem como chamariz algo mais do que as refeições em si. 

No Falafel Inc., o quitute vem temperado com uma boa causa. Parte de sua renda é destinada a financiar a alimentação de refugiados de vários países. A cada dez dólares gastos, cinquenta centavos vão para a causa, doados por meio do aplicativo ShareTheMeal, do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas.

Menu falafel INC
O falafel brilha, mas é possível degustar por lá outras delícias como hummus e tabule

Achou cinquenta centavos de dólar pouco? Pois este é o valor necessário para alimentar um refugiado, de acordo com as estimativas do aplicativo. O recurso criado pelo PMA da ONU permite qualquer pessoa fazer doações para ajudar a eliminar a fome, independentemente do estabelecimento. Estima-se que mais de treze milhões de refeições já foram compartilhadas pelo app.

LANCHE COMUM EM CAMPOS DE REFUGIADOS

Diferentemente de restaurantes que foram aderindo após o surgimento do ShareTheMeal, o Falafel Inc. foi todo pensado dentro dessa iniciativa. Os países beneficiados são escolhidos pelo aplicativo, que vai adaptando as doações de acordo com as maiores demandas. Iêmen, Síria, Mianmar e Sudão do Sul são alguns exemplos.

A opção pelo falafel não foi casual. Segundo o proprietário Ahmad Ashkar, o bolinho é comum em campos de refugiados no Oriente Médio. Barato, nutritivo e prático de comer, o falafel também é parte da memória afetiva de Ashkar, que é filho de uma palestina. “Eu tinha essa ideia de ajudar os refugiados na cabeça e comecei a pesquisar fotografias. Quando você digita ‘falafel’ (no Google), fotos de refugiados aparecem. Eu quero usá-lo para ajudar a resolver a crise deles”, conta nesta entrevista.

tigela falafel
Dá até para sentir o cheirinho, hummm…

Ashkar tem conhecimento em causas nobres. É fundador da Hult Prize Foundation, que promove a maior competição mundial entre empreendedores sociais, cuja recompensa principal ronda um milhão de dólares e foi apelidada de “Prêmio Nobel dos Estudantes”, já que seu foco são startups. Ele também é um dos conselheiros do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

“Coma com dignidade” é o slogan da empresa, que abriu as portas pela primeira vez no lindo bairro de Georgetown, um dos mais visitados da capital americana. Filiais em Boston, Los Angeles, Dubai e Jerusalém já estão a caminho. “Nosso objetivo é criar uma rede mundial com cem estabelecimentos, possibilitando alimentar um milhão de refugiados por ano”, planeja Ashkar em declaração no site do restaurante, que aceita franquias.

Falafel Inc
Cês entregam no Brasil?

Com sanduíches a três dólares, tigelas de falafel a quatro dólares e ótimas avaliações, o estabelecimento também emprega refugiados. O empreendedor pretende treiná-los para que abram suas próprias filiais. Além disso, Ashkar sonha em criar a Falafel Inc. Foundation para reverter o dinheiro diretamente a campos de refugiados, sem o intermédio de aplicativos.

“Food for Good”, expressão que fica mais legal em inglês, é, sem dúvida, a síntese do Falafel Inc. E parece que o universo está conspirando a seu favor. Eles acabam de ser eleitos “o” restaurante para se visitar em Washington D.C. de acordo com esta superlista do Buzzfeed em parceria com o site de avaliações Yelp.

Fotos do site e de divulgação no Facebook.

Escala de sustainatripity: 9 – Tripé da sustentabilidade representado por motivação social e econômica. Chama a atenção para a crise dos refugiados a um preço justo e ainda promove a inclusão de imigrantes.

Por que vale a pena? Porque a comida está super bem avaliada em sites como o TripAdvisor e Yelp e porque a renda é revertida justamente para alimentar quem tem fome – e não tem condições de saciá-la.

Vai agradar a quem? Vegetarianos são fãs de falafel, mas, o bolinho frito é uma das comidas de rua mais apreciadas do mundo por comensais de todos os gostos. Também vai alimentar o coração de quem se sensibiliza com o drama do refúgio.