De flor em flor na Eslovênia

No Dia Mundial das Abelhas, país se destaca como um centro de apiecoturismo e paraíso para amantes do mel

Haja amor, haja amor“, provavelmente diria Luiz Caldas ao chegar à Eslovênia. Isso porque essa nação pretende se tornar uma referência no apiturismo/apiecoturismo ou “turismo de abelhas“, focado, muitas vezes, no consumo de mel. Tanto que puxou o bonde para a criação do Dia Mundial das Abelhas pela Organização das Nações Unidas, celebrado pela primeira vez hoje, 20 de maio

Trata-se também do aniversário de Anton Janša, esloveno nascido em 1734, pioneiro na criação e uso de técnicas modernas de apicultura. A data foi criada pela ONU para reforçar a importância desses insetos como agentes de equilíbrio dos ecossistemas.

Graças a elas, que começaram a se ver ameaçadas de extinção nos últimos dez anos, é possível garantir a produção não só de mel, mas de muitas espécies vegetais – várias delas consumidas pelo homem. Dois terços do que comemos, para ser mais exata. Com potencial para visitar cerca de sete mil flores por dia, as abelhas não apenas contribuem para a segurança alimentar, uma vez que são polinizadoras, mas também como “sentinelas” do meio ambiente, já que variações em seu comportamento indicam ameaças e desequilíbrios nos ecossistemas.

A Eslovênia virou um dos berços da apicultura após um congresso sobre o tema em 2003. Foto: Anze Malovh/STA

MAIS DE DUAS MIL TONELADAS DE MEL POR ANO

Mudanças climáticas, perda do hábitat e uso de pesticidas são algumas das ameaças às abelhas pelo mundo. Mas, não na Eslovênia. O país leva a sério as suas listradinhas – conta com cerca de 10 mil apicultores, que produzem 2.500 toneladas de mel por ano.

Entre algumas medidas, proibiu o uso de pesticidas prejudiciais a elas e garantiu o status de proteção a uma espécie autóctone, a abelha-carnica, presente em boa parte do Leste Europeu. Foi o único país da União Europeia a tomar essa medida. Em 2003, atraiu mais de 3000 pessoas ao congresso Apimondia, o que ajudou a nação a se firmar como referência no tema.

Embora a apicultura seja uma das mais antigas tradições eslovenas, até hoje atrai jovens para essa indústria. Mesmo na capital, Liubliana, é possível encontrar colmeias em terraços, parques e jardins. 

Abelha-carnica
‘Apis mellifera carnica’ ou abelha-carnica/carnolian. Não é fofa? Foto: Aposeh

CIDADEZINHAS CHARMOSAS E DEGUSTAÇÃO

É possível conhecer mais sobre o tema no site da Associação Eslovena de Apicultores. Mas, melhor ainda é descobrir pessoalmente, em cidades que têm seu turismo impulsionado por esses animaizinhos. É o caso de Lukovica, que tem menos de 5000 habitantes e fica a 15 minutos de Liubliana. A aldeia conta com o Centro Esloveno de Apicultura, que promove diversos tours e passeios com degustação.  

Outra opção é Radovljica, a 40 quilômetros da capital. Um tantinho maior que Lukovica, esta vila histórica de 5900 habitantes tem um museu todinho dedicado às abelhinhas, incluindo os clássicos painéis pintados do século XVIII que abrigam as colmeias.

A Eslovênia tem 60% de seu território coberto por florestas, com mais de 40 parques e reservas nacionais, como o Triglav National Park. A biodiversidade é tema de estado, bem como o turismo responsável.  Foi nomeada o primeiro destino verde do mundo pela organização Green Destinations, enquanto Liubliana foi eleita Capital Europeia Verde em 2016.

radovljica
Radovljica é uma opção encantadora para daytrips de Liubliana ou Bled. Foto: Bee Our Guest

A chamada apiterapia também atrai turistas, que usam não só o mel, mas também própolis, geleia real e até o veneno da abelha como medicamentos. E mesmo o zumzum delas é utilizado como relaxante natural em alguns spas. Conheça alguns passeios e agências nesta matéria.

Maio e junho são excelentes épocas para ver abelhas e flores, em especial quando acontece o Festival de Flores Silvestres de BohinjVivendo entre o Mar Mediterrâneo e os Alpes, os eslovenos se gabam de ter inventado o ditado “a apicultura é a poesia da agricultura”. Alguém duvida?

Escala de sustainatripity: 8 – Valorizando sua biodiversidade e atenta às ameaças, a Eslovênia não apenas quer garantir o bom funcionamento de uma de suas mais prósperas indústrias – um esloveno consome cerca de um litro de mel por ano, mas também que se instaure o respeito por esses animais, em consonância com seu slogan ‘Verde, ativa, saudável’.

Por que vale a pena? Porque o país conjuga belas paisagens, cidades históricas e preocupação com turismo sustentável.

Vai agradar a quem? A quem ama mel, claro. Mas outros produtos derivados dele também fazem sucesso, como cosméticos. Quem se preocupa com o futuro desses insetos (e com o nosso, por tabela) também vai achar o apiecoturismo esloveno interessante.