CRAB, o ponto de encontro do artesanato brasileiro

Instalado em três casarões restaurados no Rio de Janeiro, este centro cultural transborda cultura popular

Sabe aquele local na sua cidade que você visita e pensa “uau, queria mostrar isso para todo mundo”? Foi o que eu senti quando entrei no Centro de Referência do Artesanato Brasileiro – CRAB. Reformado há pouco mais de dois anos pelo Sebrae, este espaço, no Rio de Janeiro, é mais do que um centro cultural ou um lugar de exposições. É um ponto de encontro do melhor artesanato brasileiro.

Além de ver expostas obras incríveis de artesãos selecionados de todo o País, você ainda pode levá-las para casa. Não só pode como deve, já que ideia é justamente remunerar os criadores e, ao mesmo tempo, garantir a sustentabilidade do CRAB, cuja entrada é gratuita.

Fachada do CRAB
A fachada histórica do CRAB esconde um centro moderno e reformado por dentro

Localizado na Praça Tiradentes, no Centro do Rio, o CRAB é um complexo arquitetônico formado por três casarões centenários do Corredor Cultural do Rio Antigo, reformados por dentro, mas que mantêm alguns detalhes originais, como pisos e estruturas. As novidades estão no charmoso café-restaurante, no auditório, na citada loja-evento (falo mais dela a seguir) e no terraço.

O CRAB, como seu nome diz, também tem a vocação de ser um lugar onde se pode pesquisar e aprender sobre artesanato e cultura popular. Por isso, vale uma visita a sua biblioteca e midiateca, que conta com 570 livros e quase 50 DVDs sobre artesanato, design, moda e assuntos afins.

Terraço CRAB
Terraço com vista para o centro da cidade
Biblioteca CRAB
A biblioteca recebe estudantes e amantes da cultura popular em geral

FEITO À MÃO NO BRASIL

Valorizar o artesanato como expressão criativa brasileira é uma das missões do CRAB. A ideia é contribuir para um melhor posicionamento dos produtos feito à mão no País, revelando histórias, territórios e indivíduos por trás das peças. 

Ao entrar em exposição, com curadoria e status de obra de arte, esses objetos ganham um destaque que encanta os visitantes. É bem difícil sair de lá com as mãos abanando, até porque os preços são convidativos.

Aí entra a linda loja-evento, cujo acervo muda de acordo com as exposições. Embora guarde algumas peças de mostras anteriores, a ideia é ter uma “loja viva”, sempre com novidades. Passear por ela é como viajar pelo Brasil.

Loja do CRAB
Loja do CRAB enfeitada com os estandartes da mostra Festa Brasileira

EXPOSIÇÃO SOBRE FESTAS BRASILEIRAS TERMINA EM MAIO

O local tem critérios sofisticados ao selecionar suas mostras. Ou seja, qualquer época é boa para se visitar o CRAB. No entanto, se você estiver no Rio até o fim de maio, vale muito a pena correr e pegar as duas exposições em cartaz, que se encerram este mês. 

A principal, Festa Brasileira – Fantasia Feita à Mão, era para ter acabado em outubro, mas, devido ao sucesso (mais de 30 mil visitantes), foi estendida até o fim deste mês. Sou apaixonada por festas populares e fiquei absolutamente encantada com as peças usadas em celebrações carnavalescas por diferentes partes do País, além de eventos como o Boi-Bumbá e o Reisado.

 A África, América e Europa que formam nossa identidade nacional estão refletidas nas indumentárias e acessórios expostos. Dá vontade de vestir aquilo tudo. E você pode, pois no fim há um momento “camarim” com fantasias e adereços para entrar no clima e, claro, tirar uma foto – enviada aos visitantes por e-mail na mesma hora. 

Aliás, as máscaras que abrem este post são parte desta mostra tão colorida e reluzente. No caso, as grandes fantasias expostas não estão à venda, mas, há outros elementos da exposição na loja. Sente o clima:

Festa Brasileira

Festa Brasileira

Festa Brasileira

Festa Brasileira

A outra exposição é Entre Contrastes – Da Indústria ao Artesanato Catarinense, um recorte da história e identidade cultural de Santa Catarina. Grande parte das peças foi confeccionada com resíduos da célebre indústria têxtil desse estado do Sul.

O resultado é surpreendente – e altamente sustentável, já que trata conceitos como reuso criativo, consumo consciente, impacto no meio ambiente e na sociedade. Na mostra, conhecemos nomes de artesãos que vivem nesse estado, muitos deles dedicados aos fazeres manuais há muitas gerações.

Fiquei particularmente apaixonada pelos banquinhos de Antônio Scarabelot (Palhoça – SC) e pelo tapete sensorial de Luciane Sell (Joinville), que lembra um gramado. Por sorte, algumas das obras ainda estão à venda – muitas já se esgotaram. Veja quanta lindeza:


Antônio Scarabelot

Luciane Sell e Tramatusa

Entre Contrastes - SC

Entre Contrastes - SC

Escala de sustainatripity: 9 – Cultura popular e/ou tradicional é um dos principais motores da economia sustentável e uma das melhores maneiras de realizar turismo responsável, já que empodera as populações locais. Consumi-la, seja admirando-a ou adquirindo suas peças, é uma excelente forma de integração em viagens. 

Por que vale a pena? Porque o CRAB faz uma seleção criteriosa entre artesãos ligados ao Sebrae e as obras expostas são de uma qualidade e importância cultural inegáveis. É uma maneira de conhecer o Brasil sem sair do Rio de Janeiro.

Vai agradar a quem? A quem adora cultura popular, a quem ama decoração, a quem busca um presente diferente e autêntico. Vale lembrar que mais de 200 mil pessoas já passaram por lá desde sua inauguração.