‘Destination pride’: o guia colorido do turismo LGBTI mais amigável

O site avalia os destinos de acordo com políticas de diversidade e receptividade aos homossexuais

Pouco tempo atrás, estive na Colômbia e escrevi um post sobre como Bogotá vem se tornando uma das melhores capitais latino-americanas para turistas LGBTI. A pesquisa que fiz para esse texto acaba de ganhar mais um argumento: a capital colombiana tem nota 75 no incrível site Destination Pride, que avalia destinos do mundo inteiro segundo uma série de critérios e os classifica como amigáveis para os LGBTQ+

Achou 75 pouco? Saiba que o destino ideal para esses turistas é o que tem nota de 71 a 100, ou seja, onde “há grande proteção legal em vigor” e o “ambiente nas redes sociais é positivo”, por exemplo. De acordo com o portal, Bogotá está na frente de cidades cosmopolitas e consideradas liberais como Nova York (66), Toronto (67), Berlim (71) e até São Francisco (69).

Revista DIEZ
Revista que peguei em Bogotá sobre novidades nas políticas LGBTI

A lista de destinos parece infinita e avalia não apenas cidades, mas países inteiros. Estados Unidos aparecem com uma modesta nota 56, enquanto o Brasil passou raspando: 71. A cidade mais amigável por aqui é São Paulo, com 77. Conhecida pelo clima relaxado, Rio de Janeiro aparece com 73. Dado curioso: as pontuações de uma mesma cidade podem oscilar levemente de um dia para o outro, variando com as fontes que o algoritmo do site consulta.

INDICADORES EM CORES

São fontes estáticas e dinâmicas, tais como o Equaldex (que conta com bastante informação oficial sobre políticas de diversidade pelo mundo), a Netbase (com dados referentes a mídias sociais) e mesmo a Wikipedia. A partir dessas informações, o site faz um grande apanhado dividido em seis grandes indicadores, cada um com uma cor da bandeira arco-íris que representa o coletivo.

Destination Pride Brazil
Classificação do Brasil não é das piores

O vermelho indica como o local se posiciona em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Já o laranja mostra se o destino tem leis que garantam o direito ao relacionamento entre homossexuais. Por sua vez, a cor amarela diz respeito às proteções à identidade de gênero (como uso de nome social, cirurgia e tratamento hormonal a transgêneros).

O verde se refere à existência e força de leis antidiscriminatórias, o que inclui direitos como o de conseguir moradia e trabalho. A faixa anil tem como tema os direitos civis e liberdades LGBT em casos como a doação de sangue e a adoção. E a barra violeta é uma das mais voláteis: revela como anda o sentimento em relação a esse coletivo nas redes sociais nos últimos 90 dias a partir da data da pesquisa. 

MELHORES E PIORES DESTINOS

Criado no Canadá pela agência de publicidade FCB/SIX e o braço canadense da organização PFLAG, o site mostra que seu país de origem curiosamente não está entre os mais bem rankeados: 59. Embora conte com excelentes classificações nos dois primeiros quesitos, referentes a leis, o Canadá perde vários pontos em questões práticas como sentimentos nas redes sociais.

Vale lembrar que os piores pontuam de zero a 50, que ocorre quando o local tem poucos ou nenhum direito para LGBT, ou até mesmo punições. É o caso do Egito (pontuação 5), cuja única barra que se destaca é a violeta, das mídias sociais. Emirados Árabes Unidos também têm baixo índice: 10, com relevância apenas em direitos civis e redes sociais. E o Irã, com 8, só tem alguma representatividade na proteção à identidade de gênero e sentimento nas redes.

Não é exatamente uma surpresa que países onde predomina a religião islâmica apareçam com baixa pontuação. No entanto, o Japão, uma das nações mais modernas do mundo e cheia de bons exemplos de cidadania, decepciona: apenas 32 pontos, nenhuma representatividade em relação ao casamento nem nada sobre leis antidiscriminatórias. 

De 51 a 70 encontram-se destinos que contam com algumas proteções legais e têm um sentimento nas redes sociais geralmente positivo. O atual país da moda entre brasileiros, tanto para visitar quanto para morar, Portugal, está quase saindo desse grupo, com 70. A Europa, em geral, concentra bons índices, ficando no patamar ideal de 71 a 100.

Usei como base da minha pesquisa esta lista do Lonely Planet de destinos mais gay-friendly do mundo e esta matéria da NBC sobre melhores países para imigrantes LGBT. Dessa forma, descobri que Espanha, com 77 (sendo Madri, 81, e Barcelona, 80), e Holanda, também com 77 (Amsterdã com 81), são as nações mais bem colocadas. Dinamarca (75), Luxemburgo (73) e Alemanha (72) também fazem bonito. Aqui na América do Sul, o campeão é o Uruguai, com 73.

É para seguir esse guia a ferro e fogo? Não, principalmente se o critério for segurança. Os próprios fundadores dizem que não podem garantir absolutamente a integridade desses turistas mesmo em países bem colocados. No entanto, é um termômetro excelente para verificar as tendências e, por que não, decidir-se por um destino mais amigável.

Escala de sustainatripity:  – 8 – O foco do site, dentro do triple bottom line, é no pilar social. Inclusão, diversidade e direitos humanos contemplados por aqui. 

Por que vale a pena? Porque contribui para a divulgação de informações sobre uma importante parcela da população, que cada vez mais busca empoderamento e representatividade.

Vai agradar a quem? A turistas que buscam ambientes amigáveis a LGBTI, a quem deseja conhecer melhor características sociais dos países, a quem tem interesses em temas de inclusão, diversidade e direitos humanos.