Helsinki: turismo sustentável além da alta temporada

É frio o que você quer?

Não podemos dizer que a Finlândia sofra com o overtourism, palavra do momento para descrever o lado ruim de ser um destino turístico popular. Ou seja, a turismofobia, que ocorre na Espanha e na Itália, não é exatamente um problema neste canto nórdico.

No entanto, precavidos que são, e de olho no aumento recorde de 13% de turistas estrangeiros em 2017, os habitantes de Helsinki querem garantir que sua cidade não passe por isso em um futuro próximo. E estão cheios de ideias. A começar pela promoção da cidade.

Nada de marketing focando apenas nas sonhadas férias de verão europeias. “Uma premissa importante do turismo sustentável é justamente ‘espalhar’ a alta temporada. Queremos divulgar todas as estações e atividades que possam ser realizadas também no inverno”, conta Mia Halmes, da Helsinki Marketing/My Helsinki, empresa pública responsável pela promoção turística dessa metrópole. 

Torikorttelit: bairro revitalizado da cidade antiga (Jussi Hellsten)

ÁREAS MENOS TURÍSTICAS E COLHEITA DE FRUTAS NA FLORESTA

Uma das sacadas bacanas da empresa foi direcionar suas campanhas não apenas para os forasteiros, mas também para seus habitantes. A intenção é que o estrangeiro (green-minded ou não) sinta que está vivendo experiências autenticamente locais, ao lado de gente que vive na cidade (e curte turistar por ela também).

Para isso, vale, por exemplo, incentivar o passeio a pé ou de bicicleta (esqueça os terríveis double-decked buses panorâmicos), lado a lado com os habitantes. Também está na lista promover bairros menos famosos (veja aqui as doze dicas deles de vizinhanças bacanas em Helsinki) e atividades como o caiaque e colheita de frutas na floresta.

Ou seja, não é que você vai deixar de visitar o complexo do Forte Suomenlinna, Patrimônio Mundial da Unesco e uma das principais atrações do país. Nem a Catedral de Helsinki, um dos símbolos da cidade, ou muito menos a super original Kamppi Chapel. Mas, ir um pouco além desse circuito.

O Ateneum Art é o principal museu da Finlândia

Sugestão incrível (turística, ma non troppo) é flanar pelo Design District, área que concentra os bairros Punavuori, Kaartinkaupunki, Kamppi e Ullanlinna. Grande perdição para quem ama design, arte, arquitetura e compras.

Uma boa fonte de ideias é navegar pelo site da My Helsinki (sério, acho que é um dos sites de turismo oficial mais lindos e criativos que já vi) atrás dos textos dos “guias” não oficiais (moradores da cidade). Como estes aqui, focados precisamente na busca pelo design (que atrai tanta gente a Helsinki). 

Entre outras dicas bacanas estão, por exemplo, a experiência de fazer uma sauna por lá (hábito comum), as novidades no Mercado Hakaniemi e o que comer nas diferentes estações do ano: primavera, verão, outono e inverno

A empresa também estimula visitantes e moradores a abraçar a cidade com a campanha ‘Tee Oma #myhelsinki’ (“crie sua própria #myhelsinki”), na qual as fotos mais legais vão para o perfil no Instagram e site. 

Acredita-se que, com esse contato direto com a rotina da cidade, os visitantes desenvolvam mais empatia e, consequentemente, mais respeito a Helsinki e a seus moradores. A gente torce para que vire moda. 

Fotos do site My Helsinki