O lado sustentável da República Tcheca

Garrafas reutilizáveis, sacolas de papel, bondes e ônibus elétricos estão presentes em várias cidades deste país do Leste Europeu

Tram em Pilsen

Acabo de voltar da República Tcheca completamente encantada pelo país. Comidas e bebidas deliciosas, paisagens lindas, muita história, cultura, design, tudo isso contribuiu para minha boa experiência.

Sem muito alarde, a nação também foi se revelando, ao longo dos dez dias em que fiquei por lá, cada vez mais comprometida com a sustentabilidade. Que bela surpresa.

Comecei a viagem por Karlovy Vary, cidade que parece de conto de fadas, conhecida por suas fontes de águas termais curativas. Mas, foi na parada seguinte, em Pilsen (Plzen), em que comecei a reparar nas ações ‘verdes’ do país. 

O belo centro histórico de Pilsen contrasta com o entorno cinza da cidade

Pilsen é uma cidade industrial, onde nasceu, em 1859, a Skoda Works, fabricante de armamentos e veículos militares que deu origem à marca de carros tcheca Skoda, presente em toda a Europa. Ou seja, um passado mais para cinza (ou ‘camuflado’ militar) do que para verde.

Apesar disso, Pilsen conta com um centro histórico bem bonito, uma das partes mais coloridas dessa média urbe (170 mil habitantes), localizada a 90 quilômetros de Praga. A cidade tem um lado bem vibrante, tanto que foi Capital Cultural da Europa em 2015.

Skoda e Pilsner Urquell
Skoda e Pilsner Urquell: marcas nacionais que nasceram em Pilsen

A primeira coisa em que reparei foi que, embora possa ser associada à Skoda (carros, carros, carros), há uma enorme rede de transporte público por lá. Os bondes/trams (como o da foto que abre o post), que estão também em outras cidades tchecas, formam parte dela, assim como os ônibus elétricos (trolleybuses), contribuindo para a diminuição da emissão de gases.

Para se locomover com o transporte público, vale a pena considerar ticket turístico, que garante o uso pelo visitante de um a 17 dias. Veja aqui mais informações. 

Ônibus elétrico (trolleybus) em Pilsen

Não fiz compras em Karlovy Vary, portanto, não pude reparar de primeira no hábito de oferecer sacolas de papel, mesmo nos menores estabelecimentos. Isso quando as oferecem (o normal é cada um andar com sua sacola ou mochila para compras). Foi só em Pilsen que percebi isso.

Em grandes mercados, como já acontece em muitas cidades europeias, é preciso pagar pelas sacolas, mesmo as de papel (ótimas e resistentes). Eu adorei a da rede austríaca Billa e a reutilizei para outras coisas na viagem (trouxe até para o Brasil).

Sacola de papel Billa
Sacola de papel super resistente que reutilizo até hoje

Outra notícia ótima veio durante o passeio pela Pilsner Urquell, a cervejaria imperdível que criou, em 1842, o estilo pilsen de cerveja (hoje responsável por 2/3 das cervejas do mundo), ou seja, a primeira pale lager do mundo. A Urquell reutiliza suas garrafas de vidro de 60 a 70 vezes, depois de passarem por um rigoroso processo de limpeza, avaliação (nenhuma pode estar quebrada) e re-rotulagem.

Abaixo, corre um “rio” de garrafinhas, prontas para serem novamente usadas. 

Garrafas da Pilsner Urquell já higienizadas e avaliadas

Interessante é lembrar que essa cervejaria só existe em Pilsen. Não há outras fábricas da Pilsner Urquell pelo mundo, embora a bebida seja exportada. Ou seja, ao menos na República Tcheca existe esse controle total em relação às garrafinhas.

Chopp em Pilsen
Pausa para uma cerveja porque ninguém é de ferro

Passando também pela encantadora Cesky Krumlov e pela capital, Praga, constatei de novo as onipresentes sacolas de papel, bondes e ônibus elétricos. E ainda fiquei feliz em ver nos hotéis sabonetes e shampoos a granel, uma tendência que (espero) parece ser irreversível. 

Veja alguns indicadores de como anda o crescimento verde do país. Além disso, confira como a nação vem se estruturando para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU

Pilsen também se revelou uma surpresa para quem viaja com crianças. Mas isso fica para outro post. 🙂