Teva, o vegano mais charmoso do Rio

Pratos criativos com influências do mundo todo levam o conceito de vegetariano para um nível além

Teva restaurante

Ele se autointitula ‘bar de vegetais‘, mas eu acho essa definição pouca coisa para o que o Teva representa para mim. Sabe aquele lugar seguro, em que você entra e se sente abraçado? Cujo cardápio você comeria inteiro? É um dos meus restaurantes favoritos e, sem dúvida, é o vegetariano que mais adoro no Rio de Janeiro. E não é pouca coisa ser um dos melhores (o melhor?) desse gênero em uma cidade que reza a cartilha da vida saudável.

Vale dizer que os rótulos de vegetariano e mesmo de vegano não agradam muito a seus idealizadores, justamente pela fama de comida natureba-zen-sem gosto que a maioria desses estabelecimentos tem. Até porque boa parte dos vegetarianos nem abre à noite – e o Teva é uma ótima pedida para notívagos.

Carta de drinks e vinhos (álcool não é algo muito comum nos vegetarianos da cidade) que se harmonizam perfeitamente com a comida criativa deste ponto em Ipanema. Nada de carne de soja, feijoada de cenoura ou hambúrgueres insossos. Vegetais, sim, só que grelhados, empanados, fritos, defumados e em variações pouco habituais em veggies tradicionais.

Entrada do Teva (Divulgação)

NÃO É ‘ZEN’ NEM ‘BIO’

Desafio que o chef Daniel Biron, formado pelo Natural Gourmet Institute de Nova York (com passagens pelo Noma de Copenhague e Gentle Gourmet Café de Paris), se propõe de tempos em tempos, quando muda o cardápio. Parceiro, nessa empreitada, dos irmãos Daniel e Alexandre Oelsner (do ¡Venga!, aonde costumo ir para matar saudades da vida na Espanha), ele explica, por e-mail, o diferencial do Teva. 

“A comida de muitos desses lugares (vegetarianos tradicionais) é ótima, o ambiente também pode ser acolhedor e adequado à proposta. O problema é a sensação que isso provoca em pessoas que não curtem essas filosofias (zen, bio, esotérica etc.)”, conta.

“Acaba afastando muita gente e é associada por vezes a comida de dieta, sempre integral, servidas a quilo ou em sistema de buffet, muitas vezes sem gosto, sem cuidados estéticos, que são justificados em função dos supostos benefícios à saúde”, completa.

Detalhes de alguns ingredientes do Teva (Divulgação)

Sem querer depreciar esses outros conceitos (até porque Teva significa “natureza” em hebraico), Biron tem como objetivo atrair o povo que consome esses produtos, sim, mas também quem busca comida contemporânea, inovadora, internacional, além de cada vez mais gente para “experimentar a cozinha à base de vegetais”. “Nosso objetivo é ser um bom restaurante que não deixa a desejar em nada em relação aos que servem carne”, resume.

TURQUIA, NEPAL E VIETNà

Para minha sorte, o Teva abre para almoço. Foi onde eu decidi aproveitar minha folga de aniversário na semana passada. Embora eu adore conhecer uma novidade nos meus dias especiais, via de regra, quando tenho day off em uma terça ou quarta-feira, é para lá que sigo, como quem ouve o canto da sereia.

Pronta para atacar os mezze

Nem sempre peço os pratos principais. Normalmente, abro com uma taça de vinho (por volta de 25 reais), água da casa e uma entrada (várias delas são para dividir). Nesse dia, comecei com os mezze (26 reais) e quem já foi à Turquia deve se lembrar dessa forma de servir petiscos. Em terras otomanas, o comum é ordenar vários (no estilo tapas espanholas), mas, no Teva, eles já vêm juntos (queijo de castanha com tomate, conservas e muhammara, uma pasta de pimentão) acompanhados de pão.

Decidi ficar só nas entradas e pedi o momo (26 reais), porção de pastéis nepaleses cozidos no vapor com edamame, cogumelos e gengibre, para, em seguida, emendar no rolinho vietnamita (30 reais), com soba, shiitake, manteiga de amendoim, ervas frescas e castanha. Delícia.

Sorvete com farofa de pistache e calda de chocolate

Em outras ocasiões, já provei pratos como o hambúrguer de cereais e cogumelos (42 reais) e a salada thai (40 reais), feita com mamão verde, pimenta, coentro e outros ingredientes, transportando-me diretamente para 2013, quando viajei pela Tailândia. Fechei com sorvete de Halva (16 reais), mas recomendo também fortemente o bolo de camadas com avelã e chocolate (32 reais).

No almoço, existe a opção de menu fechado. Entrada ou sobremesa (20 reais); entrada ou sobremesa + prato (60 reais) e entrada + prato + sobremesa (70 reais) são as combinações. Veja abaixo o atual cardápio do Teva:

Cardápio restaurante Teva
Cardápio do Teva desta temporada

RECICLAGEM E COMPOSTAGEM

Criado com preocupação sócio-ambiental, o Teva usa alimentos frescos, orgânicos, não-industrializados, da estação e produzidos localmente. Nada de garrafas PET nem canudos descartáveis. O ambiente foi decorado com madeira de demolição e revestimentos reciclados. “Produzimos o mínimo de resíduos, os quais destinamos para reciclagem via parceria com o Instituto Lixo Zero. Também fazemos compostagem com o Ciclo Orgânico“, explica Biron.

Drinks Teva
Drinks com e sem álcool do Teva (Divulgação)

“Nosso público, que é, em grande maioria, de não vegetarianos, consiste em pessoas de todas a idades com mente e paladar abertos para outras possibilidades e prontas a experimentar o novo na culinária vegetal, sem sequer sentir falta de carne e derivados. O objetivo principal em sua concepção era ser um restaurante para se comer bem”, conclui o chef.  

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Escala de sustainatripity: 8– Além de mitigar o  impacto ambiental e social que a produção e consumo de carne causam no planeta, o restaurante também se compromete a lidar com seus resíduos de forma responsável.
 
Por que vale a pena? Porque não lembra em nada os restaurantes vegetarianos, porque é gastronomia inovadora, porque, embora não seja seu objetivo principal, acaba sendo mais saudável. E porque é um bar ótimo, ora!
 
Vai agradar a quem? Gourmets em geral, mas também veganos e vegetarianos ‘raiz’.

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