Eu inauguro o Viagem Viva escrevendo sobre o que chamo de sustainatripity, um neologismo que bolei para medir o quão sustentável pode ser uma viagem. Como muitos sabem, a sustentabilidade se baseia em três pilares (o triple bottom line): ambiental, social e econômico. E eles serão sempre o “norte” da pauta por aqui.
- Ambiental – seriam dicas de lugares que visam a preservação do planeta, do espaço onde nos encontramos, o melhor aproveitamento dos recursos, ideias criativas de sustentabilidade, entre outras diretrizes.
- Social – sugestões de estabelecimentos que valorizem o ser humano, incluindo, obviamente, o bom tratamento de seus funcionários e clientes, mas também que venham a ter um objetivo maior que apenas lucrar, como, por exemplo, dedicar parte ou o todo da renda a algum coletivo.
- Econômico – parece estranho, mas o fator econômico é fundamental para a sustentabilidade, já que, sem renda, não há sustento. Mas é possível ser rentável e proveitoso de forma positiva e, no caso do turismo, este elemento se aplica, por exemplo, a viagens em que o turista gaste pouco e/ou impactando menos os destinos com sua presença. Ou viagens em que se incentive o consumo local (sabe aquilo de preferir o restaurante familiar no lugar do McDonald’s? Por aí), fazendo a economia do lugar girar. Sim, sem o lado econômico, não é possível ser sustentável.
Nem todas as experiências reúnem os três pilares (na realidade, é bem difícil encontrar a coincidência dos três), portanto, sempre haverá uma indicação de pilar/elemento dominante. A ideia da escala sustainatripity é apresentar mais uma camada para sua avaliação enquanto turista (por que vale a pena ir a esse lugar?) e dar uma nota para a experiência, levando em conta critérios como eficácia da proposta, o funcionamento do local, o serviço, se realmente atende o que se propõe etc. Mas não é preciso ir apenas a lugares especializados e “com uma causa” para vivenciar a sustainatripity e realizar viagens de impacto positivo. Algumas dicas:
- Evite grandes redes de hotéis, preferindo hospedagens locais. Além de ter experiências de fato autênticas e memoráveis, você contribui diretamente para a economia local;
- O mesmo vale para alimentação e compras. Pegar dicas com locais é uma experiência única e especial, que vai render lembranças originais e “do bem”;
- Melhor do que fazer muitos países em uma mesma viagem (avião pra lá e pra cá), vale muito mais a pena viajar para um ou dois e conhecê-los bem por terra, água ou a pé. E você ainda vai relaxar mais, pode apostar;
- Olhar ao redor, aprender algumas palavras básicas do idioma local vai enriquecer culturalmente sua viagem e sua persona também. “Minha pátria é minha língua”, já dizia Pessoa, e todo mundo adora sentir que valorizam a sua. Sem contar que um “bom dia”, “por favor” e “obrigado” em língua local podem abrir portas;
- Pesquisar se não há exploração de menores, migrantes, imigrantes ou qualquer coletivo humano nos serviços que você contrata;
- Pesquisar se não há exploração e maus tratos a animais nas atrações que você visita. Não compactue.