“En Bogotá se puede ser”. Quer slogan mais libertador que esse? Não bastava ser uma cidade viva, interessante, culturalmente estimulante, apenas? Não. Bogotá vem, há cerca de uma década, transpondo desafios para construir a diferença. Um trabalho sólido da prefeitura, resumido em uma publicação LGBTI (veja foto abaixo) que circulou gratuitamente no último semestre pela capital colombiana, justamente a época em que eu estive por lá.
A revista ‘DIEZ años de la Política Pública LGBTI en Bogotá’ afirma que o empoderamento de grupos excluídos é fundamental para a redução da desigualdade política, social e econômica e com os setores LGBTI não é diferente por lá. “As orientações sexuais diversas são matéria de construção de uma subjetividade política particular, cujo empoderamento vem sendo garantido em diferentes níveis do Estado e da sociedade”, destaca a publicação, que relembra conquistas nacionais da Colômbia, como a obtenção de direitos patrimoniais e civis aos homossexuais.

No caso de Bogotá, houve uma construção específica de política pública com a participação ativa de representantes desse setor, em ação desde 2007. Diminuir a discriminação, melhorar a qualidade de vida e reconhecer a experiência histórica de pessoas com diferentes orientações sexuais e identidades de gênero são algumas das medidas. O Programa Bogotá Distrito Diverso foi criado com a intenção de fortalecer e promover a participação social efetiva desses grupos. Rola até uma espécie de Disque-Denúncia contra a discriminação. A chamada “Línea Arcoíris” é gratuita e permite dar assessoria jurídica a pessoas que se sintam discriminadas.
FITUR: MELHOR DESTINO LGBTI DE 2017
Com um respaldo desses, qual foi o resultado? Bogotá vem se tornando um polo de turismo gay mundial. Em 2017, a Fitur, principal feira de turismo do mundo, elegeu a capital colombiana o melhor destino turístico LGBTI do planeta. Mas o que define “turismo LGBTI”? “É o desejo de se sentir seguro, confortável e respeitado. Em suma, para passar umas férias livres de discriminação”, segundo Christopher Outlaw nesta matéria do Bogotá Post.

De acordo com amigos, ainda não dá para comparar a cidade com metrópoles como Berlim, Paris ou Nova York no sentido de liberdade total (pode ser que um ou outro cidadão não seja tãaao simpático com um casal gay), mas, sem dúvida, isso está mudando. E como destino que promove a diversidade tem espaço garantido aqui no site, aqui vai uma listinha de coisas para fazer por lá.
‘CHAPIGAY’ E A CALLE 60
O bairro Chapinero (apelidado de Chapigay), no norte da cidade, tem diversas atrações, principalmente perto da Calle 60. Por lá, você vai encontrar salões de beleza, estúdios de tattoo, lojas bacanas, centros comunitários, agências de turismo especializadas em (ou com opções) LGBTI, além de muitos bares, restaurantes, boates.
É lá onde fica o Behemoth Theatron, parada certa para um visitante LGBT que busca noite para fortes. É autoproclamado o maior club gay da América do Sul, com treze ambientes e capacidade para dez mil pessoas. Uma dica: melhor evitar bermuda – o local faz o estilo arrumadinho. Ainda nessa vibe, vale conhecer discotecas como El Mozo e o bar Cavú. O karaokê Estación Café e El Recreo de Adán (bar lounge bem gostosinho com esse nome ótimo) também são opções divertidas, com comidas e drinks.
Vale muito seguir a página LGBT Bogotá, fuçar o Guia Gay Colombia e acompanhar o site Colombia Diversa para ficar por dentro das notícias de lá.

Além disso, Bogotá tem dezenas de atrações para quem adora bater perna. A capital respira cultura e, se fosse você, eu não abriria de visitar spots clássicos como o Museo del Oro (são encantadoras as peças feitas com o nobre metal) e o Museo Botero (porque, né, não dá para perder essa maravilhosidade).
Aliás, falando em arte, não deixe de reparar nos dezenas de grafitti pelas ruas – são parte indissociável de lá. E, claro, dê uma passada no Centro Cultural García Márquez com sua encantadora livraria.
Para comer, amei opções pela Candelaria. Fui (mais de uma vez, inclusive) ao La Puerta Falsa, restaurante centenário que serve delícias típicas como o tamal com chocolate quente e o ajiaco (sopa fortíssima que leva frango, milho, abacate e é fantástica). Pertinho dali, menos castizo, porém não menos delicioso, está o Quinua y Amaranto, de comida local com toque contemporâneo. Ai, ai, que cidade.
Escala de sustainatripity: 8 – Embora não se destaque por turismo ambiental e econômico, Bogotá, do ponto de vista da diversidade, tem o pilar “sociedade” bem representado.
Por que vale a pena? Porque é uma cidade viva, cheia de projetos inclusivos bacanas, com uma agenda positiva oficial.
Vai agradar a quem? A quem ama grandes cidades, cultura, noite e boa gastronomia.